Archives

  • 2018-07
  • 2019-04
  • 2019-05
  • 2019-06
  • 2019-07
  • 2019-08
  • 2019-09
  • 2019-10
  • 2019-11
  • 2019-12
  • 2020-01
  • 2020-02
  • 2020-03
  • 2020-04
  • 2020-05
  • 2020-06
  • 2020-07
  • 2020-08
  • 2020-09
  • 2020-10
  • 2020-11
  • 2020-12
  • 2021-01
  • 2021-02
  • 2021-03
  • 2021-04
  • 2021-05
  • 2021-06
  • 2021-07
  • 2021-08
  • 2021-09
  • 2021-10
  • 2021-11
  • 2021-12
  • 2022-01
  • 2022-02
  • 2022-03
  • 2022-04
  • 2022-05
  • 2022-06
  • 2022-07
  • 2022-08
  • 2022-09
  • 2022-10
  • 2022-11
  • 2022-12
  • 2023-01
  • 2023-02
  • 2023-03
  • 2023-04
  • 2023-05
  • 2023-06
  • 2023-07
  • 2023-08
  • 2023-09
  • 2023-10
  • 2023-11
  • 2023-12
  • 2024-01
  • 2024-02
  • 2024-03
  • 2024-04
  • Se temos ent o um passado colonial

    2019-05-13

    Se temos, então, um passado AMD3100 comum e uma gente que “sobreviveu a séculos de genocídio”, parece ser a língua portuguesa e as trocas comerciais direcionadas para os Estados Unidos e para a Europa que nos isolam, como se disséssemos: “Não trabalhamos com pobres como nós”, “Apesar da pobreza, não somos iguais”, ainda que haja o Cone Sul, que une em um mercado comum —o Mercosul— a região sul do Brasil, o Uruguai, o Chile e a Argentina. As trocas literárias também obedecem à lógica comercial. O escritor Joca Reiners Terron, que organiza a coleção Otra Língua, dedicada à publicação de autores hispano-americanos, foi enfático no lançamento da coleção em 2013: “É histórico, o Brasil sofre da ilusão da autossuficiência. Está voltado para o Norte e esquece o que está ao redor. Isso se reflete, como um espelho, só aumentando o desconhecimento quase místico que a América espanhola tem de nós.” Em outra entrevista, respondendo à questão que nos colocamos sempre, Como o Brasil se relaciona com a literatura de outros países da América Latina? diz: “Pouco do que é produzido chega aqui, e quando chega é porque saiu na Espanha por editoras multinacionais. Então o leitor brasileiro fica refém dos interesses do grande mercado, o que limita bastante em termos de alcance.” Por outro lado, o importante trabalho de Gustavo Sorá, , mostra até que ponto a afirmação de que os países da América Latina não conhecem suas literaturas é um tanto mítica e, principalmente entre Brasil e Argentina, é equivocada. Ele demonstra como um esquema de pensamento atravessa a história cultural e postula por parte da Argentina um desconhecimento do Brasil e por parte do Brasil uma queixa segundo a qual somos desconhecidos na Argentina, apesar de a Argentina ser o lugar onde mais se publica autores brasileiros depois da França. Desse modo, podemos perceber como também essa nossa crença de um insulamento é um tanto falsa se tomamos como período de estudo o século 20. Machado de Assis, nos mostra Sorá, foi publicado na Argentina muito rapidamente depois de sua edição no Brasil e em Portugal. Assim como Jorge Amado, Érico Veríssimo, Monteiro Lobato, Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade e José Mauro de Vasconcellos. Nas tabelas do texto de Sorá percebe-se com nitidez que o México seria o segundo país em edição da produção brasileira na América hispânica. Claro que todos sabemos o que acontece a partir da década de 1990: os países da América Latina perdem sua autonomia nas trocas literárias que passam a ser mediadas por Frankfurt e outras aduanas culturais, dando razão à evidência comentada por Terron, como mostra Sorá. O conhecimento dos autores brasileiros tanto na Argentina como no México e dos autores latino-americanos no Brasil foi sustentado no século 20 em grande medida pelo fomento diplomático e não pelo mercado. Trocas regidas pelo interesse mútuo de autores dos países latino-americanos —e basta um olhar atento para enumerar as trocas decorrentes do convívio entre Mário de Andrade e Gabriela Mistral, como nos mostra Raúl Antelo, entre Alfonso Reyes e Cecília Meireles, como nos mostra Cláudia Sampaio em sua tese de doutorado ainda inédita, ou entre João Cabral de Melo Netto e os poetas catalães, entre eles Joan Brossa, estendendo aqui o escopo para além da América Latina. Nos parece assim, que o esforço do século passado é a base do conhecimento que os países da América Latina têm do Brasil literário. Embora as trocas tenham se dado entre autores vivos que se admiravam mutuamente nos casos citados, há indícios de que a literatura brasileira conhecida teria se ancorado e paralisado nesses nomes do passado. Nossos clássicos, nosso cânone. Diz Reinaldo Montero, autor cubano que esteve no Brasil por ocasião da feira do Livro de Porto Alegre em 2012:
    YA SÉ QUIÉN ERES, TE HE ESTADO OBSERVANDO Cuenta Antonio Callado (amigo, biógrafo y crítico de Portinari) que a Candido le desagradaban las personas que bebían; no obstante, él había visto en sus frecuentes visitas al departamento del pintor no sólo fotos de él y Graciliano Ramos juntos, sino también